É tão bom que ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
E ter esperança no destino
E ter quem goste de nós
Ver tudo com alegria
Sem delongas, sem demora
Viver a vida numa hora
Eternidade num día.
Ter na mente a fantasia
Dum bem que ninguém supôs
Ter crença, sonhar a sós
C’oa grandeza deste mundo
E, para bem mais profundo
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter muito enlevo a sonhar
Acordar e ter carinho
Ter este mundo inteirinho
No brilho do nosso olhar.
Viver alheio ao penar
Deste orbe torpe, ferino
Julgar-se eterno menino
Supôr-se eterna criança
E, num destino sem esperança
Ter esperança no destino
Ó desventura, ó saudade
Causas da minha inconstância
Daí-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade
Dai-me a doce claridade
Roubando-me ao tempo atroz
Eu queria ter a minha voz /
P’ra cantar o meu passado
É tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós. gosto muito deste fado
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Letra de Carlos Conde
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ALFREDO MARCENEIRO 1891-1982 / chanteur portugais de Fado qui fonda, bien plus que d’autres, ce genre musical et un style particulier pour le mettre en scène en valorisant la vie des quartiers et des tavernes de Lisbonne et avec moins de nostalgie que dans les standards du Fado / à signaler sa voix ã nulle part ēgale ailleurs.
Très émouvante présence de ce grand fadiste. L'extrait musical est superbe, discret, retenu. Alfredo Marceneiro, avec un timbre de voix chaud, clair, presque gracieux nous envoûte.
Beaucoup de lumière dans son interprétation.
Loin des inflexions tristes et souvent larmoyantes de ses contemporains chanteurs.
Thierry Quintrie Lamothe