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Photo du rédacteurpoesiarevelada

Dois momentos...

Estas fotografias inspiraram dois momentos poéticos


Houve um momento em que nos deixámos

de poder sentar no banco da praceta]

À sombra da árvore que chamamos nossa

Ao banco também chamamos nosso

É como se fosse nosso


Mas às vezes encontrávamos lá outro casal

Podiam ser nossos avós

Brincávamos que seríamos como aquele casal

Quando fôssemos velhinhos


Cediamos-lhes o lugar

Para se regalarem à sombra nos dias de estio

Passávamos e viamo-los a rir

Como se fossem crianças outra vez


Nunca mais os vimos lá sentados

O banco está vazio

A árvore está só ao frio da invernia

Curvada talvez com a força do vento


Quiçá com saudades dos amantes confinados

Abraçada a si própria

Entrevejo-a da janela de casa e pressinto o seu tronco

Corpo bifurcado, enlaçado como se fôssemos nós.


______________________

Poema de Carla Castelo




Laços


Nunca ninguém deseja vazios,

daqueles em que nem as estrelas fazem sentido.

De magias esquecidas naquele segundo de vida,

inventamos fogo e chuva alternados mediante as horas,

cantamos e choramos navegando nos segundos de cada dia.


Sim, seremos esquecimentos quando os cheiros forem ausentes, de rebeldes palavras de coragem, de firmes muros de grandeza,

de sonhos repelidos pela passagem dos dias, de loucuras em cada estação.

Cada lugar meu não passará de cicatrizes curadas á força, de cada uma delas uma lição, marcas invisíveis guardadas na gaveta das memórias, num lugar recatado da luz para não se revelar.

Como outra vida se tratasse, na tua pele vejo caminhos, no teu toque memórias, nos olhos fechados lágrimas presas guardadas como escudos de outrora.

Bem haja o tempo da passagem das primaveras que de raras e leves brisas, levaram alguns dos tais pesos da alma.

Bem haja o tempo das chuvas fortes que ataram nas suas águas as dores para no rio se afastarem

Nos perdemos a nós, nos perdemos nos dias mas saudades deixam trilhos e não tem filtro nem explicação.

Vindo o vento de novembro, ou o sol quente do verão,

Tu seguras me,

Nem âncoras nos vão afastar nem por um só momento


Até sermos instantes e esquecidos


Segura me assim

Por um só momento

Seremos laços eternamente

Seremos só nós

Seremos um só

_____________________

Poema de Sofia Murta Alves


_____________________

Fotografias de Hervé Hette

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