La mer n’est plus qu’un miroir mort
Et reflète à l’oblique un soleil qui s’endort
Les îles qu’on ne voit pas sont perdues dans la brume
Qui emmêle son ouate au fil des fumées des feux qu’on allume
Sous les flots immobiles qui la couvent et qu’elle calme
Sommeille une âme qu’on pourrait croire
Sans âme
Par-delà l’horizon fermé à nos pauvres yeux d’aveugles
Par tant d’espace courbe
Son souffle frémit toujours
Et fait naître les vagues
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O mar, morno espelho,
reflete inadvertidamente um sol
que adormece demasiado cedo
Não se veem as ilhas
dissolvidas pela neblina
que emaranha o seu algodão
nos fios de fumo das lareiras acesas.
Sob a vaga imóvel que a choca
(como um ovo) e que ela acalma,
dormita uma alma
Para além do horizonte fechado
aos nossos pobres olhos cegos
por tanto espaço curvo
o seu fôlego que sempre estremece
dá à luz as ondas
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Extrait de "Entre o Sono e o Sonho - Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea - Vol. X" publié récemment par Chiado Editora.
Texte et photo de Christophe Sims
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